Ano: c. 1940/50
Dimensões: Comprimento 37cm X Altura 38cm X Fundo 23cm (caixa fechada)
Museu (N.º Inventario): IHMT.0000818
A existência do bacilo da tuberculose está referenciada desde a remota pré-história. Com o tempo, com a sedentarização humana, a domesticação dos animais e a pastorícia, a transposição do animal ao homem do agente infecioso da tuberculose ficou mais facilitada. As possibilidades de contágio entre humanos acentuaram-se mais ainda com a Revolução Industrial, no século XVIII, que ocasionou o crescimento dos centros urbanos e o incremento de atividades gregárias, de trabalho e de convívio, com maior proximidade entre as pessoas e de maior constância. A incidência da tuberculose humana aumentou então exponencialmente, atingindo valores assustadores em meados do século XIX, perante uma total ineficácia dos meios terapêuticos e de medidas de prevenção muito frágeis.
Em 1822 James Carson propusera o pneumotorax artificial como método de tratamento da tuberculose pulmonar. Carlo Forlanini, em 1882, retomando a ideia, desenvolveu o primeiro equipamento para provocar o pneumotórax e, em 1906, Christian Saugman adapta-lhe um manómetro para controlar a pressão. O objetivo era de provocar o colapso do pulmão com a introdução de gás/ar na pleura, utilizando uma agulha, o que ajudava a fechar os espaços cavitários e promovia a cicatrização. Embora muito traumático, frequentemente incapacitante e falível, o pneumotórax artificial revelou-se, contudo, uma forma de terapêutica com relativo êxito para a tuberculose pulmonar, até ao aparecimento da antibioterapia específica. Com ele e com as medidas higiénicas, de isolamento, de reforço alimentar e de exposição climatérica adequada – os sanatórios – a mortalidade pela tuberculose começou a diminuir.
Entretanto, em 1865, Villemin estudava a inoculação em cobaias do material retirado de tubérculos obtidos de seres humanos infetados e, em 1882, Robert Koch, em Berlim, descobre o agente causador da doença, o Mycobacterium tuberculosis que, conjuntamente com a descoberta dos raios X, por Röntgen, em 1895, constituem dois momentos decisivos para o conhecimento da doença. Albert Calmette e Camilo Guerin desenvolvem uma vacina para a tuberculose utilizando um bacilo de agressividade atenuada, o BCG (Bacilo de Colmet e Guerin), vacina que foi introduzida em 1921 e em muito veio ajudar à prevenção da doença.
O tratamento eficaz, com os fármacos demorou mais uns 20 anos a surgir. Só em 1943-44, com a descoberta da estreptomicina, por Waksman, aparece o primeiro antibiótico eficiente para o tratamento da micobactéria. Seguem-se-lhe o PAS (ácido para-aminosalicilico) – 1944, a izoniazida – 1950 e a rifampicina, que só foi comercializada em 1971. Hoje existem perto de duas dezenas de medicamentos utilizados no tratamento da tuberculose, mas a doença ainda permanece como uma constante ameaça, o que levou a OMS a declará-la, em 1993, como doença emergente.
O aparelho para pneumotórax artificial do museu IHMT é composto por uma caixa em madeira que permite o seu transporte e que contem dois frascos de vidro, tubos, rolhas e uma pêra/bomba de borracha, torneiras de duas vias em vidro, regulador de pressão e agulha.
Em 24 de Março de 2017 (dia mundial da tuberculose), o IHMT promove uma reunião dedicada à “Tuberculose: História e Património”.