Foram as palavras de Tiago Correia, professor de Saúde Internacional no IHMT, durante a entrevista ao Jornal das 8 da TVI24 no dia 25 de maio, onde refletiu sobre a hipótese de uma segunda vaga de COVID-19 em Portugal e os principais aspectos que a podem despoletar, sublinhando a importância de “continuar a informar a população para que esta mantenha a consciência da pandemia”.
Segunda vaga de COVID-19: sim ou não? Eis a questão…
No seguimento das declarações da Organização Mundial da Saúde sobre improbabilidade de haver uma segunda vaga da doença, Tiago Correia afirma que “estamos apenas no plano das hipóteses e as pessoas têm de perceber todos os cenários que estão em cima da mesa”. Como explicou o especialista em Saúde Internacional, não sabendo exatamente o que vai acontecer é importante reter “aquilo que sabemos, em função do que aconteceu no passado e da forma como respondemos, tentamos projetar em relação ao futuro”. Todavia, “estamos cada vez mais atentos e preparados para lidar com este vírus”, o que faz com que, “à partida, hajam menos condições” para que aconteça uma disseminação semelhante à 1ª vaga.
“O medo deveria ser substituído por consciência”
Para o professor é importante que a população tenha “consciência” e que perceba que o risco deste vírus está associado ao facto de uma pessoa poder contagiar muitas outras. Com uma população envelhecida e com comorbilidades “o risco é maior em Portugal”, pelo que “cada um de nós tem de ter consciência do risco a que está sujeito e, nessa medida, tomar as devidas precauções”, esclareceu. Além disso, existem “constrangimentos estruturais da sociedade portuguesa, e também económicos, que não sendo uma consequência directa na gestão da COVID-19, estão relacionados com a exposição ao risco”. E, sublinha, “nem todas as atividades são passíveis de se transformar em teletrabalho, sendo necessário garantir que há segurança no emprego e nos transportes públicos”.
“Espero que todos os dias consigamos recordar às pessoas que é preciso manter cautela”
Surpreendido com a adesão do povo português ao confinamento e com a resposta das autoridades portuguesas, afirma que “Portugal deu uma boa lição de como gerir politicamente uma situação pandémica” e “conseguiu conter a vaga que se esperaria que ia acontecer”.
Nesta fase que atravessamos importa reforçar que “para um desconfinamento de qualidade é importante saber se as pessoas têm consciência de como estar neste espaço coletivo que é a rua”. Tiago Correia realça também a importância de estarem “no terreno todos os mecanismos de monitorização epidemiológica: toda a capacidade de fazer testes, de produzir diagnósticos e de garantir o isolamento e quarentena se forem necessários”, alertou.
Não obstante, o especialista defende que na eventualidade de ser necessário um reconfinamento, este não pode ser tratado como um “fracasso”, mas antes como um “processo natural” da pandemia “e deve ser encarado como uma medida técnica para tentar reverter aquilo que no momento precisa ser parado”.
“Se mantivermos esta capacidade de monitorização epidemiológica estamos bem armados para garantir que um eventual surto fique ali confinado, localizado e não se propague para o resto da população”, concluiu Tiago Correia.
Saiba mais na entrevista publicada pela TVI24.