Data: 1946
Dimensões: A.82,50cm X L.62cm
Inventário Museu: IHMT.00001696
A 8 de Maio de 1980 – celebram-se agora 40 anos – a 33ª Assembleia da Organização Mundial da Saúde declarou extinta a varíola, oficializando um facto que se verificava desde 1977, culminando assim a campanha de vacinação iniciada 10 anos antes sob a égide da OMS.
Pela primeira vez na História da Humanidade era passada “certidão de óbito” a uma doença, uma virose que ao longo dos séculos tinha devastado a humanidade em todos os Continentes, com a ocorrência de epidemias altamente mortíferas, algumas delas de enormes consequências políticas, que raramente são referidas: o declínio do Império Romano que levou à construção de uma nova geopolítica europeia, ou a extinção dos Impérios Inca e Asteca, que permitiu a hegemonia colonial espanhola na América Central e do Sul.
A varíola, com origem remota provavelmente no subcontinente indiano, passou daí para a China e alastrou na Ásia. O seu incremento na Europa coincidiu com o aumento do intercâmbio humano resultante da intensificação das rotas comerciais, nomeadamente a rota da seda. Para as Américas viajou com os marinheiros da expansão marítima ibérica.
Na luta contra a varíola, depois de outras tentativas de imunização, vingou a vacina introduzida por Jenner em 1796. Esta vacina, os seus desenvolvimentos técnicos subsequentes e as estratégias de imunização implantadas com base na vacinação, levaram ao controlo e ao domínio médico sobre a doença, na Europa e na América do Norte em meados do Século XX. O resto do percurso até à extinção mundial da varíola é a história de sucesso das ações coordenadas pela OMS desde 1967, uma luta com final vitorioso, mas erguida sobre os percalços de guerras e os sobressaltos políticos; contra intolerâncias religiosas e dificuldades económicas; perante desigualdades demográficas e sociais, episódios dramáticos de fome e de refugiados; confrontos com interesses comerciais; ocorrências de calamidades ambientais.
O cartaz árabe que é a nossa “peça do mês” foi uma das estratégias usadas no combate contra a varíola e complementa as “peças do mês” do IHMT de Maio de 2017 e de Abril 2020, das mesmas temáticas – varíola e campanhas de vacinação.
O cartaz integra uma coleção de outros 11 cartazes da mesma proveniência, abordando todos eles assuntos de profilaxia, de higiene e saúde pública.
Numa impressão policromática em papel colado sobre cartão, este cartaz representa a face de uma criança com lesões de varíola, e uma outra criança a receber a vacina através do método de escarificações. No canto superior esquerdo lê-se: “Ministério da Saúde Pública / Serviço de Saúde Social / Departamento de Promoção da Saúde”; em caracteres maiores tem, em dois grupos, na área central: “A vacina contra a varíola protege os seus filhos contra malformações na face e no corpo // A vacina deve ser tomada durante a infância. De quatro em quatro anos. E quando surge uma Epidemia”; junto à esquadria inferior, à esquerda, estão identificados o autor e a data: “Mofid Jaid / 1946”.