Foram as palavras proferidas por Luzia Gonçalves (IHMT) durante a sua exposição no webinar “Aparecimento e desenvolvimento da pandemia: Ásia e Europa”, promovido pelo IHMT e pela APAH no dia 22 de maio. Este webinar contou ainda com a participação dos especialistas José Manuel Esteves (AMLPM) e Alexandre Abrantes (ENSP-NOVA) para abordar os vários aspectos que contribuiram para a propagação de COVID-19 entre o continente asiático e o europeu. A Carla Nunes, diretora da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP-NOVA) e a Miguel Viveiros, subdiretor do IHMT-NOVA, foram os moderadores desta sessão.
Após duas vagas, um total 45 casos positivos e zero mortes, “Macau está há 44 dias sem novos casos de COVID-19 e há 4 dias sem doentes. Todos tiveram alta”
José Manuel Esteves, presidente da Associação dos Médicos de Língua Portuguesa de Macau (AMLPL), abriu o Webinar debruçando-se sobre o desenvolvimento da epidemia em Macau, com enfoque nas medidas de contenção e nas estratégias que evitaram a propagação da doença neste território, que se encontra a 930km de Whuan – o epicentro da pandemia.
De acordo com o especialista, a implementação muito precoce de medidas e o seu cumprimento “disciplinar e voluntário” por parte da população fez com que, apesar da grande densidade populacional “não ocorresse disseminação secundária da doença no território”. No combate à COVID-19 destacou ainda a experiência consolidada de Macau com epidemias asiáticas, “com estruturas e protocolos previamente definidos, cuja ativação sequencial permitiu que “a epidemia estancasse” e “por um período de cerca de 40 dias em que não ocorreram novos casos de COVID-19 em Macau”, esclareceu.
COVID-19: “Só sei que nada sei? Este é também o caminho para produzir Ciência”
Luzia Gonçalves, professora auxiliar de Bioestatística na Unidade de Saúde Internacional e Bioestatística do IHMT abordou o aparecimento e evolução da pandemia da Ásia para a Europa, com foco em Portugal, Espanha e Itália. Na perspectiva da especialista em Bioestatística, as fortes relações comerciais e turísticas existentes entre a China e a Europa, associada à elevada mobilidade de pessoas entre continentes permitiu uma fácil disseminação da doença por todo o globo.
As diferenças existentes entre os países no que diz respeito: “à densidade populacional, à percentagem de população envelhecida, às diferenças ao nível do planeamento urbano das cidades, os hábitos de higiene e comportamentos sociais e ainda o número de camas e profissionais de saúde em hospitais” contribuiram para que a doença se disseminasse de forma distinta e assumisse também um impacto diferente, sendo de sublinhar que, ao contrário de Espanha e Itália, “Portugal é dos países que apresenta um menor número de casos e de mortos por COVID-19”, frisou Luzia Gonçalves.
A combinação de medidas implementadas pelo Governo português e resposta do povo tiveram um “impacto muito positivo” no controlo da pandemia
Alexandre Abrantes, médico e professor da ENSP-NOVA, comentou quarto tópicos-chave sobre a evolução da pandemia em Portugal, que resultam do estudo publicado no Barómetro COVID-19. Durante a sua exposição destacou que as autoridades portuguesas responderam bem e atempadamente a este surto, sendo que Portugal foi dos países da Europa que aderiu de forma “massiva e repentina” às medidas implementadas. Importa também destacar que “a combinação de medidas do governo e resposta do público tiveram um impacto muito positivo no controlo da pandemia”, verificando-se duas semanas após o lockdown ” uma redução substancial em termos de morbilidade, mortalidade e e de internamentos por COVID-19″.
Outro aspeto relevante que determinou o bom controlo do surto diz respeito ao baixo número de internamentos em Portugal, “o que evitou que a capacidade instalada dos hospitais portugueses fosse suplantada, como aconteceu em Espanha e Itália”, concluiu Alexandre Abrantes.
Assista à discussão destes tópicos no video do webinar.
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