Foi publicado na Frontiers in Public Health um artigo da autoria de Ahmed Nabil Shaaban, Bárbara Peleteiro e Maria Rosario Oliveira Martins, em que pode ler-se que a nova COVID-19 levou à ruptura da capacidade de resposta dos sistemas de saúde em todo o mundo.
Na publicação são examinadas possíveis falhas no setor da saúde e potenciais intervenções que possam ajudar a alcançar um equilíbrio entre economia e saúde em Portugal. Também procura providenciar medidas para minimizar as consequências financeiras da COVID-19 no sistema de saúde e recomendações que possam contribuir para conter alguma epidemia equivalente no futuro.
A COVID-19 surgiu pouco depois da recuperação da crise financeira que afectou o país severamente em 2011. Durante vários anos, os portugueses viveram um período de austeridade fiscal que resultou em implementações sem precedentes de cortes em despesas sociais e cortes contínuos em despesas públicas em cuidados de saúde. Tendo em conta a recessão global devido à COVID-19, é expectável que o setor da saúde em Portugal possa ser alvo de contenção de custos no futuro.
Lê-se também que as previsões apontam para que Portugal seja dos países mais afectados pela crise económica gerada pela COVID-19, em comparação com outros países como o Brasil, China ou Estados Unidos, devido à grande contribuição do turismo para a economia portuguesa. As implicações económicas desta crise vão afetar o país numa era pós COVID-19. É agora mais importante do que nunca conseguir um equilíbrio entre estabilidade económica e Saúde.
Assim, são propostas várias medidas para mitigar o efeito da pandemia em Portugal: “Integração urgente de indicadores de qualidade dentro dos sistemas hospitalares”; “Lidar com as desigualdades na Saúde em Portugal”; “Melhorar os serviços de saúde mental”; “Lidar com as deficiências na infraestrutura do Sistema de Saúde e Recursos humanos”, sem esquecer que a “Preparação é a chave”. É indispensável a compreensão e adaptação de Portugal a estratégias eficazes implementadas noutros países por forma a melhorar políticas de saúde, podendo começar por um plano urgente de saúde pública, permitindo a rápida ação caso alguma futura pandemia se estabeleça em Portugal.
Os primeiros casos diagnosticados com COVID-19 em Portugal foram relatados a 2 de Março de 2020, enquanto a primeira morte foi a 16 de Março de 2020. Com o objetivo de conter a transmissão do vírus e a expansão da doença foi numa primeira fase decretado estado de emergência a 18 de Março de 2020. Mais tarde, o governo montou uma rede de centros de testagem que incluiu 205 laboratórios distribuídos pelo país: 45,2% dos laboratórios são do Serviço Nacional de Saúde (SNS ), 39,3% do setor privado, 15,7% laboratórios militares e académicos.
Foram também criadas áreas dedicadas ao tratamento de doentes com COVID-19 em diversas unidades de Serviços de Emergência e áreas COVID-19 dedicadas à comunidade. A selecção destas áreas dependeu de diversos factores como a densidade populacional, dispersão geográfica e a evolução regional e local da COVID-19.
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