A formulação de uma dieta artificial com composição química definida e capaz de fornecer uma nutrição conhecida e consistente para os mosquitos, representa um avanço para a sua criação em massa e terá impacto no controle e erradicação da malária. A malária é uma doença infeciosa que representa um importante risco para a saúde mundial.
A malária é uma doença infeciosa transmitida por fêmeas do mosquito Anopheles que representa um importante risco para a saúde mundial. Em 2018 ocorreram 228 milhões de casos, sendo que 405.000 resultaram em morte. O controlo da infeção é feito sobretudo através do controlo do vetor, isto é, do mosquito transmissor da doença. No entanto, nos últimos anos, os mosquitos têm-se tornado resistentes aos inseticidas utilizados atualmente.
Por isso, têm surgido várias medidas inovadoras de controlo vetorial como, por exemplo, a libertação de mosquitos geneticamente modificados ou a introdução de machos estéreis. Contudo, estes métodos inovadores dependem da criação em laboratório de mosquitos em grandes quantidades. Esta produção de mosquitos Anopheles na escala dos milhões em laboratório é limitada, já que as fêmeas dos mosquitos precisam alimentar-se de sangue para produzir ovos. Sendo assim, seriam necessárias grandes quantidades de sangue o que acarreta limitações tanto éticas como financeiras.
De forma a encontrar uma solução para estas limitações, o nosso grupo de investigação desenvolveu uma dieta artificial livre de sangue que permite produzir mosquitos Anopheles em laboratório com a mesma eficácia que o sangue. Acreditamos que esta dieta será uma ferramenta valiosa para as novas medidas de controlo dos mosquitos causadores da malária e outras doenças transmitidas por mosquitos na medida em que permitirá produzir milhões de mosquitos em cativeiro sem a necessidade de sangue de animais ou humanos.
Fique a conhecer o projeto em vídeo.