Um painel de seis especialistas respondeu às perguntas do Observador sobre o surto de coronavírus. O IHMT colaborou para o esclarecimento da opinião com as respostas dos professores Cláudia Conceição, Jaime Nina e Luís Varandas.
Questionado sobre se devemos estar alarmados com o surto do novo coronavírus Jaime Nina, médico infeciologista no Hospital Egas Moniz e professor no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, considera que “convém não ignorar o assunto. Há medidas de proteção que devemos ter, como lavar as mãos, que é fundamental. Não tossir para cima das outras pessoas — isto é uma regra de boa educação, mas que nem sempre é seguida. É preciso pôr a mão na frente (mas lavar as mãos logo a seguir), um papel ou cotovelo. Se a pessoa tem tosse, deve usar uma máscara. Se vai a um local onde pode haver doentes, nomeadamente às urgências dos hospitais, deve levar uma máscara — mesmo que se vá lá com uma perna partida — para não ser infetada pelos outros. Deve fugir-se de grandes multidões, principalmente em espaços fechados. É altura de adiar os concertos e os eventos com milhares de pessoas.”
Para Cláudia Conceição, professora no Instituto de Higiene e Medicina Tropical e sócia-fundadora da Sociedade Portuguesa de Medicina do Viajante, é importante manter a calma, ouvir as indicações dos especialistas e tentar diminuir as interações sociais. “Acho que posso descrever o meu estado de espírito como expectante. Estamos numa fase em que estou com receio que as coisas escalem no sentido de alguma perda de bom senso. Sinto que muitas vezes há uma incompreensão com as autoridades de saúde. Conheci muitas pessoas que estavam a fazer o plano de contingência nacional quando houve a pandemia da gripe A. Por um lado, lembro-me da angústia quando diziam que, se aquela crise seguisse o mesmo curso que outros surtos no passado, seria uma coisa terrível. Lembro-me de ouvir comentários de outros colegas a dizer que era um exagero. E, por outro lado, fiquei a pensar que se calhar não foi exagero e que, por ter funcionado, é que tudo acabou por correr bem — por estarmos tão preparados”, afirmou.
Sobre o evoluir da situação, Luís Varandas, médico pediatra e professor no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, alerta: “Penso que devemos ser realistas. Temos a noção de que isto vai piorar. As autoridades de saúde e não só, de uma forma realista, avisaram que o surto iria cá chegar. Era inevitável.”, defendeu no jornal Eletrónico Observador. “A evolução é absolutamente imprevisível; basta olhar para o que se passa na Europa para perceber que não sabemos em toda a extensão aquilo com que estamos a lidar. Em Portugal, penso que estamos em fase ascendente e que o número de casos vai continuar a aumentar. O controlo do surto vai depender da nossa capacidade de diagnosticar precocemente e manter os casos em isolamento para evitar a propagação da infeção. E vamos estar muito dependentes da colaboração e do comportamento da população. Temos, todos nós, que ter um comportamento responsável e seguir as indicações das autoridades de saúde”, acrescentou.
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