O Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa vai liderar, juntamente com a Universidade do Sul da Dinamarca, um projeto de investigação colaborativo com Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique na área da resposta à pandemia COVID-19.
O projeto, intitulado “BCG vaccine to enhance non-specific protection of health care workers during the COVID-19 pandemic. A multicentre randomised controlled trial”, será financiado pelo Fundo para a investigação sobre a COVID-19 na área Sub Sariana da European and Developing Countries Clinical Trials Partnership (EDCTP) e irá estudar os efeitos não específicos da vacina BCG na redução do absentismo por COVID-19 dos profissionais de saúde de Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique, fortalecendo, simultaneamente, a investigação clínica nos países envolvidos.
O projeto será liderado pela professora Christine Benn da Universidade do Sul da Dinamarca e pelos professores Inês Fronteira e Paulo Ferrinho do Instituto de Higiene e Medicina Tropical e contará com uma equipa de investigadores dos países africanos, liderada, em Cabo Verde pela professora Isabel Araújo da Universidade de Cabo Verde, na Guiné-Bissau pela professora Amabélia Rodrigues e em Moçambique pelo professora Pedro Aide, do Centro de Investigação em Saúde de Manhiça
A COVID-19 desafia a capacidade de resposta dos sistemas de saúde. Um pouco por todo o mundo, os profissionais de saúde estão entre os mais afetados pela nova doença, o que coloca uma pressão ainda maior sobre a capacidade dos serviços de saúde responderem de forma adequada e atempada às necessidades de saúde dos indivíduos infetados. Neste sentido, são necessárias e urgentes estratégias para proteger os profissionais de saúde da COVID-19, em particular em países onde os sistemas de saúde são frágeis. A vacina BCG, utilizada há décadas para prevenir as formas graves de tuberculose, possui efeitos protetores benéficos para outras infeções para além da tuberculose, o que é explicado por um mecanismo imunológico conhecido como imunidade inata treinada (“trained innate immunity”).
Estudos semelhantes estão a ser realizados, atualmente, na Europa e nos Estados Unidos para estudar se a BCG pode diminuir o número de novos casos e/ou a severidade dos casos de COVID-19. O reconhecimento da relevância do projeto liderado pelo IHMT, permitirá, agora, estender o estudo aos países africanos, contribuindo, desta forma, para o fortalecimento da resposta à COVID-19 nestes países.