Um estudo da doutoranda em Saúde Internacional do IHMT, Carolina Gasparinho, em coautoria com as investigadoras Claudia Istrate e Sónia Centeno Lima, demonstrou taxas elevadas de infeção por agentes patogénicos entéricos em crianças com menos de 12 meses, em Angola, enfatizando a necessidade de abordar as doenças diarreicas neste grupo etário.
A doença diarreica está entre as principais causas de morte em crianças menores de cinco anos, especialmente nos países em desenvolvimento. O objetivo do estudo foi investigar os agentes etiológicos de diarreia mais frequentes e os seus fatores associados, em crianças menores de 5 anos, atendidas no Hospital Geral do Bengo, em Angola.
De setembro de 2012 a dezembro de 2013, foram colhidas amostras de fezes de 344 crianças com diarreia, para investigar a presença de agentes virais, bacterianos e parasitas. Os dados sociodemográficos e clínicos relevantes foram obtidos dos pais e cuidadores.
Os resultados mostraram que foi detetado um agente patogénico entérico em 66,6% das amostras: Cryptosporidium spp. (30,0%), rotavirus (25,1%), Giardia lamblia (21,6%), Escherichia coli (6,3%), Ascaris lumbricoides (4,1%), adenovírus (3,8%), Strongyloides stercoralis (3,5%), astrovirus (2,6%), Hymenolepis nana (1,7%), Entamoeba histolytica/dispar (0,9%), Taenia spp. (0,6%), Trichuris trichiura (0,3%) e Entamoeba histolytica (0,3%).
Em crianças com menos de 12 meses encontrou-se mais frequentemente infeção com Cryptosporidium spp. comparativamente a crianças mais velhas (idade: 12-59 meses), independentemente do sexo, estação do ano, letargia e desnutrição aguda. A idade, vómitos e o tipo de admissão foram significativamente associados à infeção por rotavírus.