“A essência de toda a arte, de toda a grande arte, é a gratidão.”
― Friedrich Nietzsche
A exposição de Derek Charlwood intitulada “Passagens” abriu ao público, no dia 20 de novembro, no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, da Universidade de Lisboa. O entomologista fez registos fotográficos na Tânzania, Papua Nova Guiné ou São Tomé e pintou peças de madeira que flutuavam no mar de Linga, Linga (Moçambique).
Para assinalar a data, o investigador deu a conhecer as suas aventuras nesta praia africana e em outros cantos do mundo onde registou momentos tão especiais como o nascimento de um bebé na sua carrinha. A partilha de experiências decorreu numa iniciativa intitulada Tropicália, que decorre todos os meses no IHMT.
“Por vezes as melhores fotografias acontecem quando menos esperamos e nem sempre de acordo com o que tínhamos idealizado. Para fotografar também é necessária sorte”, afirmou o artista que é também investigador, lembrando o momento em que uma mulher se sentou orgulhosa com o seu rádio, ao lado de uma mãe e bebé que Derek estava pronto para eternizar.
Embora seja biólogo, a disciplina preferida de Derek Charlwood na escola era História de Arte. Um gosto que o fez compreender o que é uma imagem significativa, que segundo Aristóteles deve “representar não a aparência externa das coisas, mas o seu significado interior”. Mas foi necessário esperar até ao momento em que estava a realizar uma investigação de pós-doutoramento na Amazónia para conseguir obter algumas “fotografias pintadas pelo sol”.
As imagens que vão estar em exposição no Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), da Universidade Nova de Lisboa, resultam de alguns encontros casuais com pessoas que Derek Charlwood conheceu durante o trabalho como entomologista na Tânzania, Papua Nova Guiné ou São Tomé. Para além destas fotografias, na mostra – que pode ser visitada até dia 13 de dezembro – podem ser conhecidas algumas peças artísticas que criou relacionadas com a sua experiência pelo mundo.
Belas peças de madeira flutuante são comummente encontradas na praia de Linga, Linga em Moçambique, onde o investigador esteve envolvido num projeto sobre malária. Ao longo dos anos, Derek colecionou muitos pedaços de madeira, que sugerem outras formas como pássaros ou animais. “Nos últimos anos, superei as minhas inibições e comecei a pintar algumas peças com tintas acrílicas. Gostei dos resultados e, como todos os entusiastas, agora pinto quase todas as que encontro quando estou lá”, explica o artista. As obras que estão em exibição no IHMT são apenas uma pequena seleção das peças mais pequenas que recolheu da praia.