Mariana Perez Duque, que frequentou a edição 2019 do Curso de Especialização em Saúde Pública (CESP) no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, foi uma das selecionadas para a turma de Gates Cambridge 2022, composta por 79 estudantes de todo o mundo. A médica, que venceu a bolsa com o mesmo nome, vai ser integrada no Programa Doutoral da Universidade de Cambridge, no Departamento de Genética.
Aos 30 anos, Mariana já trabalhou em emergências humanitárias com os Médicos Sem Fronteiras no Brasil e no Iémen. Atualmente a terminar o Internato Médico em Saúde Pública, trabalha na Unidade de Saúde Pública do ACES Porto Ocidental. No próximo ano letivo, vai partir para Inglaterra para prosseguir os estudos na área da epidemiologia das doenças infeciosas.
A investigação que vai desenvolver em Cambridge foca-se na chikungunya, uma doença viral transmitida por mosquitos, que está a espalhar-se rapidamente nas regiões tropicais e subtropicais devido a fatores como mudanças climáticas, mobilidade da população e urbanização. O objetivo do doutoramento é esclarecer a distribuição espaço-temporal, bem como o impacto ecológico e a dinâmica evolutiva da doença no continente asiático.
O programa de bolsas Gates Cambridge é o principal programa internacional de bolsas de pós-graduação da Universidade de Cambridge e contou com uma doação de 210 milhões de dólares para a Universidade de Cambridge da Fundação Bill e Melinda Gates em 2000.
“Estou muito grata por ter a oportunidade de estudar numa das melhores universidades do mundo, e por poder pertencer à comunidade Gates Cambridge. Esta bolsa é uma doação da Fundação Bill&Melinda Gates, a maior doação feita a uma universidade no Reino Unido. A Gates Cambridge Scholarship é uma porta para continuar a aprender com os melhores cientistas sobre o que mais gosto, a dinâmica das doenças infeciosas”, explica.
Desde a primeira turma em 2001, Gates Cambridge concedeu 2.081 bolsas de estudo a estudantes de 111 países que representam mais de 600 universidades em todo o mundo.
Este ano, os novos bolsistas de 30 países, entre os quais Portugal, Uganda, EUA e Índia à Colômbia, China e Austrália, entre outros, juntam-se à comunidade académica de Cambridge para iniciarem os estudos em outubro em temas tão diversificados como a segurança alimentar, a forma como os reservatórios de morcegos influenciam as doenças virais ou como os hormónios intestinais controlam a ingestão de alimentos e os níveis de glicose no sangue.
Ser aceite nesta turma multicultural é por si só uma vitória. Mariana Perez Duque alerta que o processo de candidatura é exigente.
“O processo é moroso e trabalhoso, envolveu conhecer a Universidade, o Grupo de Investigação, o departamento e o orientador. Estive três meses como investigadora visitante em Cambridge, com o grupo de investigação e orientador com quem vou continuar a trabalhar durante o meu doutoramento”, sublinha.
“Espero continuar a aprender com quem sabe muito e a poder dar o meu contributo para um controlo mais efetivo das doenças infeciosas no mundo.” É a expectativa da ex-aluna do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, da Universidade Nova de Lisboa.