O investigador Pedro Ferreira, que teve como mestre na guitarra portuguesa António Chainho, para além do talento para a música é um conversador nato. Perante uma sala Cambounac cheia, explicou as diferenças entre a guitarra portuguesa de Lisboa (mais aguda), a de Coimbra e do Porto. A primeira tem uma caixa baixa arredondada e a segunda assume uma forma mais aguçada. Uma das principais diferenças reside na voluta da guitarra: a de Coimbra possui uma lágrima incrustada, a de Lisboa um caracol, a do Porto tem um dragão esculpido ou uma flor.
Pedro Ferreira deu também a conhecer algumas histórias do mundo do fado, explicando que quando os guitarristas são inexperientes têm tendência para se exibir e essa não é a melhor atitude. Um grande guitarrista sabe que as pausas contam tanto como os sons. “Os silêncios são de extrema importância na música”, explicou.
Quando Pedro Ferreira toca sente-se com “liberdade para voar” e diz que só sabe dedilhar a guitarra portuguesa com sentimento. Amália Rodrigues é para ele uma referência e foi pela voz de Teresa Nazareth que a fadista foi trazida até à Sala Cambournac.
Como forma de despedida a investigadora Teresa Nazareth, que se encontra de saída do IHMT, deixou uma homenagem a colegas e professores, com uma surpresa para todos: cantou dois fados de Amália Rodrigues, “O Bailarico Saloio” e “Oiça lá ó senhor Vinho”.
A Tropicália decorre todos os meses no IHMT com o objetivo de estimular a partilha de experiências como talentos, viagens, fotografias, livros, histórias, entre outros. A próxima sessão será já em 2020 e o tema será a Índia.