O livro “Empires and Colonial Incarceration in the Twentieth Century”, publicado em outubro de 2021, pela editora britânica Routledge, tem como mentores os investigadores do Instituto de História Contemporânea Philip J. Havik (também professor do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa) Helena Pinto Janeiro, Pedro Aires Oliveira e Irene Flunser Pimentel.
Este volume dedica-se a uma questão polémica, nomeadamente o estabelecimento de colónias penais e campos de concentração em espaços coloniais, que tem inspirado debates sobre práticas repressivas e a resistência popular contra estas últimas.
Os organizadores e autores reavaliam a história do encarceramento politicamente motivado, baseado numa perspetiva multidisciplinar, num contexto global e imperial durante o século XIX e XX. Os artigos originais resultaram de uma conferência internacional organizada pelo Museu Aljube de Resistência e Liberdade e o Instituto de História Contemporânea, da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade NOVA, em 2016 na ocasião do 80º aniversário do campo do Tarrafal na Ilha de Santiago de Cabo Verde.
A introdução, os sete capítulos e a conclusão têm como enfoque perspetivas comparadas e transnacionais sobre a persecução política, o confinamento forçado e a governação colonial em domínios britânicos, franceses, alemães, belgas e portugueses em África, Ásia, Oceânia e América Latina.
O livro tem como objetivo aprofundar o conhecimento da organização, estratégias, narrativas e práticas associadas ao encarceramento por razões políticas em África (Angola, Tanzânia, Rodésia e África do Sul), América Latina (a Guiana Francesa) e a região do Pacífico (a Nova Caledônia).
A legislação penal, as políticas de transporte de prisoneiros, o reordenamento e repovoamento forçado, regimes prisionais e as condições de vida e a resiliência dos detidos, a resistência e lutas de libertação, os programas de contra-subversão, prisões como espaços culturais de memória e direitos humanos são aqui discutidas para períodos diferentes da metade do século XIX até o fim do século XX. Os capítulos refletem e alimentam os debates em curso sobre o tema e a sua dinâmica notável em termos da investigação científica durante as últimas décadas.
A introdução e os sete capítulos deste livro foram inicialmente publicados num número temático da Journal of Imperial and Commonwealth History, acrescentado com um novo capítulo final da autoria dos editores que resume os debates, tendências e os fios condutores dos capítulos com ênfase sobre as tipologias, redes e estratégias de encarceramento, e as diferentes dimensões humanas dos sistemas carcerais.