Os ministros da Saúde de Angola, São Tomé e Guiné Bissau, presentes na sessão solene de encerramento das X Jornadas Científicas (Consultar Livro de Resumos), que decorreram a 12 de dezembro, no IHMT salientaram a importância da cooperação com o instituto centenário na área da saúde tropical e global.
No discurso de encerramento, o diretor do IHMT Filomeno Fortes assumiu o compromisso com os governantes dos PALOP de se empenhar na concretização de objetivos comuns para combater desigualdades e epidemias mundiais.
“É nosso desejo que Angola possa beneficiar cada vez mais da troca das experiências e conhecimentos” na área da saúde tropical e global, sublinhou a ministra da saúde angolana, Sílvia Lutucuta.
A responsável afirmou também confiar na nova direção do IHMT e na sua “capacidade de investir na cooperação e apoio ao desenvolvimento, particularmente na formação de quadros altamente qualificados para o desenvolvimento de Angola e de todos os países irmãos da CPLP”.
A ministra reconheceu que Angola está a passar um momento difícil do ponto de vista económico, mas salientou que é necessário valorizar os serviços de proximidade e os cuidados de saúde primários. Sílvia Lutucuta considera fundamental “colocar as pessoas no centro da atenção de atuação política, dando respostas adequadas às necessidades imediatas das populações”.
“Conceptualmente consideramos que as doenças não têm fronteiras. Este fenómeno agrava-se com as alterações climáticas, os movimentos migratórios e a globalização. Por isso, é importante que o sistema nacional de saúde se encontre resiliente, capacitado e preparado de forma articulada para minimizar as ameaças à saúde”, acrescentou.
Também o ministro da Saúde de São Tomé e Príncipe, Edgar Neves, realçou que “os desafios que temos pela frente são cada vez maiores, desde as alterações climáticas, os problemas das endemias ou as doenças de transmissão vetorial”.
O responsável mostrou preocupação com doenças como o HIV, a tuberculose e a malária, que afirmou esperar que seja eliminada até 2025.
O ministro referiu ainda a necessidade de aprofundar a “relação muito próxima que já existe com o IHMT, quer no domínio assistencial ou da investigação. “Contaremos com o apoio do IHMT nas diferentes vertentes”, afirmou.
A ministra da Guiné Bissau, Magda Robalo, felicitou o instituto pelo seu papel e pelas X Jornadas Científicas. “Um instituto desta envergadura, com a longevidade que tem continua a estar ativo, dinâmico, pertinente e relevante naquilo que são as atividades de saúde no século XXI.” A ministra saudou igualmente o novo Centro Internacional para a Formação Avançada em Ciências Fundamentais de Cientistas Oriundos dos Países de Língua Portuguesa, com o selo de qualidade da UNESCO, liderado pelo IHMT.
O vice-presidente da FCT, José Paulo Esperança, também presente na cerimónia, deu a conhecer este projeto inserido na “Iniciativa Conhecimento para o Desenvolvimento”. O objetivo deste centro de ciência é “estimular a investigação e a formação avançada em colaboração com países africanos, contribuindo para a concretização das linhas de orientação das metas de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030 das Nações Unidas”, como explicou o responsável. Inspirado no filósofo italiano, Pietro Ubaldi, deixou uma frase para refletir: “O próximo grande salto evolutivo da humanidade será a descoberta de que cooperar é melhor que competir.”
O membro externo do Conselho do IHMT, Horácio Arruda, diretor nacional de saúde no Canadá, fez uma intervenção com sentido de humor em que abordou as políticas de saúde e salientou as desigualdades ainda existentes no mundo, lembrando o “Menino do Bairro Negro”, do Zeca Afonso.
“Menino sem condição
Irmão de todos os Nus
Tira os olhos do chão
Vem ver a luz”