Esta mostra pretende olhar para a ENTOMOTECA Henrique Ribeiro e Helena Ramos e refletir sobre a íntima relação entre a entomologia médica e a medicina tropical portuguesa, entre 1902 e 1966. Durante este período, a Escola de Medicina Tropical de Lisboa e o Instituto de Medicina Tropical contribuíram para uma história mais abrangente da entomologia médica no século XX, através dos seus investigadores, da rede de conhecimentos que estabeleceram, e da produção científica e didática que deixaram como legado. Este legado pode ser hoje visualizado através de vários objectos documentais e materiais que entre si dialogam e que permitem estabelecer a narrativa desta mostra museológica.
A importância médica de alguns insectos surgiu no final do século XIX com a aceitação do seu envolvimento no ciclo de vida de parasitas responsáveis por grande número de doenças tropicais. O estudo do papel dos artrópodes na transmissão de doenças parasitárias por parte da comunidade médica e o envolvimento da comunidade de zoólogos na sua identificação, classificação taxonómica e na caracterização da sua bio-ecologia, determinou o desenvolvimento de uma nova área de conhecimento conhecimento especializado, em 1910, a entomologia médica, permitindo assim a compreensão e o desenvolvimento de estratégias de combate àquelas doenças (Coluzzi et al, 2008).
A escola portuguesa de medicina tropical, por analogia com as suas congéneres britânicas, estabeleceu um programa de investigação no qual a entomologia médica ocupava um papel de relevo. Neste contexto destaca-se a investigação realizada na metrópole e as missões de estudo enviadas a África e à Índia para o estudo de várias patologias. Como resultado destas missões e do intercâmbio científico realizado, vários insectos de diferentes grupos taxonómicos foram sendo coleccionados pelos seus investigadores. Este acervo entomológico histórico foi reorganizado por Henrique Ribeiro (1930-2005) e por Helena Ramos (n. 1936) a partir de 1970, e existe actualmente na ENTOMOTECA do Instituto de Higiene e Medicina Tropical de Lisboa.
Esta mostra museológica organiza-se em dois núcleos expositivos, organizados em três secções cada um, que circunscrevem os períodos de existência das duas instituições, a Escola de Medicina Tropical de Lisboa (EMT) entre 1902 e 1935 e o Instituto de Medicina Tropical de Lisboa (IMT) entre 1935 e 1966, com enfoque no ensino, na investigação e na criação de redes de conhecimentos e práticas, nos quais a entomologia médica portuguesa se insere.
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