No editorial da revista “International Journal of Health Planning and Management”, da qual Tiago Correia é editor-chefe, o professor do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, da Universidade Nova de Lisboa, aconselha prudência.
Este editorial surge num novo momento da pandemia. A vacinação tem permitido que a circulação do vírus não leve ao aumento correspondente dos internamentos e mortes por Covid-19. A expetativa, por isso, começa a ser que este seja o último capítulo da pandemia e que a imunidade de grupo seja alcançada dentro em breve.
Contudo, prudência ainda é devida. E esta prudência tanto diz respeito aos decisores políticos como aos cientistas que intervêm no espaço público e no aconselhamento político. Não se trata de se ser otimista ou pessimista. Trata-se de saber que continuamos a tomar decisões sem precedentes na história recente, logo sem base comparativa, e que ainda não há certezas quanto à imunidade de grupo.
Ritmos assimétricos da vacinação mundial, mais turistas a viajar, graus variáveis de vigilância e monitorização epidemiológica entre países e regiões e múltiplos meios e canais da circulação mundial de pessoas estão entre os fatores apontados para a incerteza quanto à imunidade de grupo a breve trecho. E as melhores expectativas apontam para que 70% da cobertura vacinal no mundo demore 17 meses. O editorial termina apontando algumas medidas que mostram como o princípio da prudência se concretiza em orientações políticas no atual momento da pandemia.