Nos dias 12 e 13 de fevereiro, o Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) foi o anfitrião da 2ª Conferência Anual da Rede COST Aedes Invasive Mosquitoes (AIM-COST), um evento internacional que teve como objetivo “debater as ameaças relacionadas com a proliferação de doenças transmitidas por mosquitos invasores na Europa e a forma de as evitar”.
Esta é uma conferência de “extrema importância” face ao impacto que as doenças transmitidas por vectores assumem atualmente, “representando 17% das doenças infecciosas a nível mundial, um número que tende a aumentar com as alterações climáticas, o fluxo migratório e políticas públicas”, explicou o Diretor do IHMT, professor Filomeno Fortes, durante a sessão de boas-vindas aos participantes.
O evento apresentou-se com um vasto programa científico, que incluiu 24 palestras nas áreas da vigilância e mapeamento de risco, monitorização da resistência aos inseticidas e ainda no desenvolvimento de políticas e diretrizes europeias de vigilância e controlo de mosquitos invasores, envolvendo 27 palestrantes nacionais e internacionais das áreas da saúde pública, entomologia médica e das doenças transmitdas por mosquitos vectores.
No que concerne aos participantes, contou com 130 inscritos, sendo ainda de sublinhar que a transmissão do evento em video streaming permitiu que mais de 50 investigadores nacionais e internacionais tivessem a oportunidade de contribuir para “uma reflexão conjunta e partilha de experiências”.
Uma conferência que promoveu o desenvolvimento e harmonização do projeto de monitorização de mosquitos na Europa
De acordo com Alessandra della Torre, responsável do AIM-COST, esta conferência resulta do programa European Cooperation in Science & Technology (COST), que pretende “estabelecer e financiar uma rede de contacto entre grupos científicos, académicos e de saúde pública na Europa”.
Especificamente, “o nosso objetivo é produzir e optimizar ferramentas que combatam a invasão por mosquitos Aedes, homogeneizar metodologias e transferir conhecimentos dos países com maior experiência para os menos experientes, criando ligações entre os grupos”, explicou a especialista.
Neste contexto, a conferência promoveu a discussão sobre a implementação de um um projeto de monitorização na Europa, que teve início em janeiro de 2020 através de uma escola de treino financiada pela AIM-COST, para homogeneizar e treinar as pessoas para o método”. “A monitorização de mosquitos baseada na ciência-cidadã – que tem por base a utilização de uma aplicação de telemóvel para que as pessoas possam registar os mosquitos e entrar em contacto com a rede – constituiu outro grande objetivo alcançado”, acrescentou Alessandra della Torres.
“Sob o ponto de vista científico, foi muito importante para o IHMT receber esta conferência”
Foram as palavras de João Pinto, coordenador do grupo de Doenças Transmitidas por Vetores do GHTM e também organizador do evento. Como explicou “esta é uma conferência especializada no contexto das doenças transmitidas por vetores e, este ano, não haverá na Europa um evento com dimensão semelhante”. Adicionalmente, a presença de colegas das áreas da saúde pública, ministério da saúde e das ARS “veio aumentar a importância da conferência no contexto nacional”.
Na sua perspetiva, “o número e a diversidade de participantes, assim como a aliança entre a academia, a saúde e também algumas empresas e indústrias do setor que estiveram envolvidas” foram um ponto forte da reunião.
Por outro lado, “o conteúdo científico rico possibilitou uma boa atualização nesta área”, salientado uma vez mais a importância da ciência-cidadã na vigilância e na monitorização destas espécies de mosquitos, nomeadamente “a possibilidade de termos um sistema de vigilância baseado em ciência-cidadã ao nível europeu”.
Para finalizar, caracterizou como “fundamental” o networking estabelecido entre os representantes de 35 países, afirmando que “responde à missão deste tipo de projetos financiados pela União Europeia no âmbito do programa COST”.
“Fico bastante satisfeito por a AIM-COST estar a estimular uma rede desta natureza e estarmos na frente dessa dinamização”, rematou João Pinto.