Em entrevista ao jornal Observador, no contexto do potencial aumento da população de mosquitos em Portugal e dos riscos associados à transmissão de doenças como a dengue e a malária, a Prof.ª Doutora Carla Sousa, investigadora do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT NOVA), sublinhou a importância da vigilância precoce e do envolvimento da população na deteção de espécies invasoras.
Coordenadora da plataforma MosquitoWEB, a Prof.ª Doutora Carla Sousa explicou que um dos objetivos desta ferramenta portuguesa é detetar precocemente a presença das espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus, reconhecidamente associadas à transmissão de vírus como dengue, chikungunya, febre amarela ou Zika. “O objetivo é prevenir que estas espécies se instalem de forma definitiva em novas regiões”, afirmou.
Além da vigilância ativa, a plataforma MosquitoWEB — uma iniciativa do IHMT NOVA — contribui também para atualizar o mapa de distribuição das espécies autóctones e para aumentar a literacia da população relativamente ao tema. Qualquer cidadão pode fotografar um mosquito e submeter a imagem na aplicação, recebendo posteriormente um feedback com a identificação da espécie e recomendações específicas. Em casos suspeitos, a informação é reencaminhada à Direção-Geral da Saúde (DGS), que poderá acionar equipas de investigação no terreno.
O alerta surge numa altura em que, segundo os dados mais recentes da Rede de Vigilância de Vetores (REVIVE), coordenada pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), foram identificados mais de 38 mil mosquitos e cerca de 66 mil ovos de espécies invasoras em território nacional. A Prof.ª Doutora Carla Sousa defende que “a participação cidadã é crucial” e que a educação para a eliminação de criadouros — como vasos ou recipientes com água parada — é uma das formas mais eficazes de travar o avanço destas espécies.
Num verão que se antecipa propício à proliferação de mosquitos, devido à conjugação entre a chuva intensa no início do ano e o aumento das temperaturas, as autoridades e os investigadores reforçam a importância da vigilância, da educação comunitária e da ciência ao serviço da saúde pública.
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