O aumento significativo de casos de infeções pelo Metapneumovírus Humano (HMPV) no norte da China, no início de 2025, especialmente entre crianças, idosos e pessoas imunodeprimidas, trouxe o HMPV para o centro das atenções nas notícias.
Têm surgido rumores de que poderia haver sinais de uma nova pandemia em formação. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) esclarece que, até ao momento, não há padrões invulgares de surtos e recomenda que a população em regiões do hemisfério norte, onde é inverno, adote as precauções habituais para prevenir a disseminação de agentes etiológicos de infeções respiratórias e proteger os grupos mais vulneráveis.
O Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade NOVA de Lisboa (IHMT NOVA) está atento à evolução da situação do HMPV no mundo, assim como na Europa, incluindo em Portugal.
1. O que é o Metapneumovírus humano ou HMPV?
O Metapneumovírus Humano (HMPV) é um vírus respiratório que pertence à família Paramyxoviridae, a mesma do Vírus Sincicial Respiratório (RSV). Este vírus foi identificado pela primeira vez em 2001, nos Países Baixos, embora se acredite que circula entre os humanos há várias décadas.
2. Que sintomas apresenta o HPMV?
O HMPV é responsável por causar infeções respiratórias que variam de sintomas leves, semelhantes a uma constipação ou gripe, a complicações mais graves, como bronquite e pneumonia. O vírus afeta principalmente crianças pequenas, idosos e pessoas com o sistema imunológico comprometido, sendo particularmente preocupante para estas populações vulneráveis.
3. Como se transmite o HPMV?
Os surtos ocorrem, geralmente, no inverno, sendo o microrganismo transmitido por gotículas respiratórias, contacto pessoal próximo, como tocar ou apertar as mãos (se estiverem contaminadas com o vírus) ou contacto com superfícies contaminadas. Não há vacina ou tratamento específico, mas medidas de etiqueta respiratória, higiene das mãos e permanecer em casa quando doente ajudam a prevenir a sua propagação.
4. Qual o tratamento mais adequado?
O tratamento para o HMPV, responsável por infeções respiratórias, é geralmente sintomático, uma vez que não há nenhum antiviral específico aprovado para combater a infeção. O principal objetivo do tratamento é aliviar os sintomas e apoiar o doente, enquanto o seu sistema imunológico combate o vírus. Entre as medidas de cuidado, destacam-se a hidratação adequada, o uso de medicamentos para a febre e dor, e descongestionantes nasais. Em casos mais graves, pode ser necessária a administração de oxigenoterapia ou ventilação assistida em ambiente hospitalar.
5. Que cuidados são necessários no quotidiano para evitar a infeção por HMPV?
Para evitar a infeção pelo HMPV, é essencial adotar práticas de higiene como lavar as mãos frequentemente com água e sabão ou usar álcool em gel, além de evitar tocar o rosto. Também é importante cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar e manter distância de pessoas doentes. O uso de máscara em ambientes fechados e evitar locais com grande aglomeração de pessoas ajudam a reduzir a transmissão.
Além disso, é de conhecimento geral que manter um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada, exercício e sono adequado, fortalece o sistema imunológico.
6. O HMPV pode evoluir para uma pandemia?
Embora o HMPV seja facilmente transmitido e cause infeções respiratórias, especialmente em grupos vulneráveis, a probabilidade de evoluir para uma pandemia é considerada baixa. O risco poderá, todavia, aumentar se o vírus sofrer mutações que o tornem mais transmissível ou virulento, mas atualmente não há evidências científicas claras de que isso ocorrerá. A vigilância contínua e as medidas preventivas acima mencionadas são essenciais para controlar sua propagação.
Atualização: 16/01/2025
Revisão científica: Professora Doutora Filomena Pereira
(Professora Catedrática; Grupo Investigação na área de Cuidados Individuais de Saúde)