Um estudo internacional publicado na revista Science está a transformar o entendimento sobre a evolução do mosquito urbano com preferência por picar humanos — o Culex pipiens forma molestus — e o seu papel na transmissão do vírus do Nilo Ocidental. A investigação, liderada pela Universidade de Princeton, revela que esta forma do mosquito não surgiu recentemente em cidades europeias, como se pensava, mas há mais de mil anos, provavelmente em sociedades agrícolas do Antigo Egito ou da região do Mediterrâneo.
O trabalho envolveu mais de 150 instituições e a análise genética de 12.000 amostras de mosquitos, num esforço global que contou com a participação ativa de investigadores do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade NOVA de Lisboa (IHMT NOVA): Doutora Carla Maia, Doutora Teresa Novo, Doutora Odete Afonso e Professor Doutor Paulo Almeida, do centro de investigação Global Health and Tropical Medicine (GHTM).
Além de reescrever um dos exemplos clássicos de evolução urbana, o estudo traz implicações relevantes para a saúde pública. A equipa descobriu que a hibridação entre mosquitos que preferem picar aves (forma pipiens) e os que preferem humanos (forma molestus) é mais rara do que se pensava, mas tende a ocorrer em grandes cidades — o que pode aumentar o risco de transmissão do vírus do Nilo Ocidental em ambientes urbanos densamente povoados.
“A nossa participação neste estudo reforça o papel do IHMT NOVA na investigação global sobre doenças transmitidas por vetores, e mosquitos vetores urbanos, com impacto direto na vigilância epidemiológica e na saúde pública, com destaque para a transmissão do Vírus do Nilo Ocidental” destaca o Professor Doutor Paulo Almeida. Publicado na revista Science, o artigo abre novas perspetivas para investigar como a urbanização influencia a genética dos mosquitos e a transmissão de vírus entre espécies, reforçando o papel do IHMT NOVA na investigação global em saúde pública e doenças tropicais.
