Um projeto do GHTM (Global Health and Tropical Medicine) do IHMT, financiado pela FCT e coordenado pela investigadora Ana Domingos, pretende contribuir para o desenvolvimento de vacinas contra carraças e doenças por elas transmitidas, recorrendo a análise proteómica e genómica funcional de duas linhagens de carraças (R. sanguineus) – suscetíveis e resistentes à transmissão de E. canis.
Este agente patogénico causa a ehrlichiose monocítica (EM), uma doença infeciosa de distribuição global, com elevada prevalência e gravidade. As doenças associadas a carraças são um problema de saúde pública nas regiões tropicais e em países desenvolvidos. A R. sanguineus é a carraça mais prevalente no mundo, infetando sobretudo cães, mas também humanos, através da transmissão de agentes patogénicos, como o E. canis. Não existe vacina para a EM, sendo o controlo das carraças a medida preventiva utilizada.
Contudo, o controlo por vacinação apresenta muitas vantagens, já que o uso de acaricidas contamina o ambiente e contribui para o aparecimento de resistências nas carraças.
Esta investigação dirige-se a interações carraça-agente patogénico, mediadas pela expressão de genes e proteínas de carraças que facilitam a infeção e transmissão ao vertebrado e mantêm a infeção num nível que permite a sobrevivência do vetor. Coloca-se como hipótese que a capacidade vetorial de R. sanguineus para o E. canis está dependente das interações moleculares mediadas pela carraça em resposta à infeção.
Existem poucos estudos sobre vacinação contra carraças que visem a carraça-vetor e o agente patogénico. Os resultados deste projeto poderão ter um impacto significativo no controlo das carraças e doenças associadas.