A poluição é um dos grandes fatores de risco para as doenças crónicas e respiratórias. O tema vai ser debatido, na próxima segunda-feira (14 de outubro), durante a II Conferência Internacional NOVAsaúde Doença Crónica e Infecção, subordinada ao tema “Doença Respiratória e Saúde Ambiental”, no Auditório da Reitoria na Universidade NOVA de Lisboa.
A professora do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), Cláudia Conceição, uma das oradoras da iniciativa, alertou – em declarações à agência de notícias Lusa – que “as doenças crónicas não têm fronteiras”. O problema está muito relacionado com os estilos de vida. Não basta um bom sistema de saúde.
A especialista do IHMT lembra “que a OMS definiu a poluição como um dos cinco grandes fatores de risco para as doenças crónicas” e que para ajudar à sua diminuição são necessárias estratégias multissetoriais.
Cláudia Conceição, que colabora com o projeto Aliança Global contra Doenças Respiratórias Crónicas da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (GARD – CPLP), realça a importância de se ter conhecimento da realidade para se ajudar a mudar comportamentos e combater estes problemas em todo o mundo.
A professora explicou ainda que o projeto GARD – CPLP tem como objetivo ajudar a conhecer melhor a realidade destes países e facultar acesso a conhecimento, que já está sedimentado do ponto de vista científico.
“Mais de 80% da população dos Países de Língua Oficial portuguesa (PALOP) nem sequer têm acesso ao que temos a certeza que é conhecimento sedimentado. Estamos a falar de desigualdades enormes”, afirmou.
“Há medicação que está cientificamente comprovada e que não existe sequer nestes países. Nem quem tem dinheiro consegue ter fácil acesso”, acrescentou.
Cláudia Conceição insiste que “os países pobres são duplamente penalizados” e acrescentou que estes países, por falta de recursos, nem sequer conseguem fazer os estudos necessários para conhecerem bem a sua realidade.
A professora recordou que, além das doenças respiratórias, a poluição está ligada às doenças cardiovasculares e sublinhou: “É importante evoluir para um pensamento mais amplo, começando a pensar em saúde humana de mãos dadas com a saúde planetária”.