O sucesso de medidas para prevenir infeção pelo vírus causador da COVID-19 (SARS-CoV-2) depende principalmente da compreensão, da consciencialização e da colaboração das populações em risco de virem a ser infetadas. Neste tipo de situações, o envolvimento comunitário é imprescindível, pois todos desempenhamos um papel de extrema relevância na interrupção das cadeias de transmissão do SARS-CoV-2. As alterações comportamentais são fundamentais para a proteção da comunidade, quer no que concerne à lavagem das mãos, à etiqueta respiratória, ou ao afastamento social.
Assim, o comportamento e a disciplina individual são essenciais para a implementação e cumprimento de medidas que promovam o distanciamento social, como o encerramento de escolas, cancelamento de eventos públicos, o encerramento de estabelecimentos, a quarentena, o isolamento, etc. Todas as medidas com vista a reforçar o distanciamento têm como objetivo interromper as cadeias de transmissão do vírus, diminuindo a sua taxa de propagação e, consequentemente, evitando a sobrecarga do sistema nacional de saúde, permitindo assim uma resposta mais eficaz.
O afastamento ou distanciamento social refere-se a uma série de medidas destinadas a impedir ou minimizar o contacto entre as pessoas. De acordo com o relatório técnico do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) estas medidas podem ser implementadas a nível individual ou visando grupos de pessoas. O conjunto de medidas de afastamento social individual incluem a recomendação de ficar em casa, a quarentena e o isolamento social.
De acordo com a Direção Geral de Saúde (DGS) (mais informação aqui), “A diferença entre quarentena e o isolamento parte do estado de doença do indivíduo que se quer em afastamento social…” ou seja, a quarentena refere-se ao afastamento social de um indivíduo, supostamente saudável, que possa ter estado exposto ao vírus, por contacto com um caso de COVID-19 confirmado, enquanto o isolamento é aplicado a indivíduos doentes com COVID-19, de forma a evitar o contágio de outras pessoas durante o período da sua recuperação.
Em relação à recomendação para ficar em casa, a mesma visa o distanciamento social voluntário das pessoas, particularmente os grupos de alto risco, a fim de reduzir a transmissão e evitar o aumento da morbidade, com o objetivo final, mais uma vez, de diminuir a pressão sobre o sistema de saúde.
Por outro lado, existem as medidas de afastamento social destinadas a grupos, que passam pelo encerramento de escolas, e de locais de trabalho, ambos remetendo alunos e trabalhadores para sistemas online (teletrabalho) com vista à diminuição do contacto entre pessoas. De entre estas existem ainda as que estão associadas a grupos específicos, que passam pela limitação de visitas a pessoas confinadas/internadas em instituições, nomeadamente lares para idosos, abrigos, prisões etc., e ainda o encerramento de instalações e cancelamento dos respetivos eventos culturais, sociais e desportivos. A definição de um cordão sanitário é a medida mais restrita, e corresponde à quarentena obrigatória de um edifício, zona ou região de forma a limitar o contacto entre zonas de alta incidência de infeção e outras sem infeção ou com baixa incidência, como foi recentemente decidido para a cidade de Ovar.
A implementação de todas estas medidas deve ser adaptada a cada contexto e têm de ser implementadas de uma forma consertada. Em Portugal, estas medidas foram sendo progressivamente implementadas, desde a suspensão de aulas presenciais, ao encerramento de escolas e empresas de bens não essenciais, estando atualmente em vigor, com base no Decreto de estado de emergência, recomendações bastante restritivas na circulação dos cidadãos, que podem ir até ao confinamento compulsivo no domicílio ou em estabelecimento de saúde, bem como o estabelecimento de cercas sanitárias, interdição de deslocações e permanência na via pública não justificadas, com vista a esse afastamento social.
Direção Geral de Saúde – https://covid19.min-saude.pt/orientacoes/
Direção Geral de Saúde. Orientação nº 10/2020, de 16/3/2020, Infeção por SARS-CoV-2 (COVID 19) Distanciamento Social e Isolamento, consultado a 30 de março de 2020
ECDC – technical report – Considerations relating to social distancing measures in response to COVID-19 – second update (23 de março 2020)
Autoria:
Documento elaborado pelos seguintes membros da Comissão de Saúde Ocupacional, Biossegurança e Qualidade (CoSOBQ) do IHMT/NOVA: Cláudia Conceição; Dinora Lopes; Jorge Ramos; José Manuel Cristóvão; Maria Luísa Vieira; Marta Pingarilho; Pedro Ferreira; Ricardo Parreira.