O diretor do Instituo de Higiene e Medicina Tropical, da Universidade Nova de Lisboa, Filomeno Fortes, esteve no programa Conversas ao Sul, da RTP África, onde explicou que era possível prever a pandemia do coronavírus SARS-Cov-2.
“Nas últimas décadas temos assistido a alterações climáticas muito graves, como o aquecimento global, tem havido uma manipulação do meio ambiente muito agressiva, temos assistido a muitos movimentos migratórios com grandes instabilidades sociais e económicas”, alertou.
Filomeno Fortes lembrou que 2002 foi o ano da primeira epidemia do SARS – Síndrome Respiratório Agudo, em 2005 verificou-se uma epidemia muito severa de Marbug e em 2012 foi a vez da Síndrome Respiratória do Médio Oriente. Depois o mundo continuou a assistir a muitos surtos epidémicos, principalmente em África, por exemplo o ébola, a febre amarela, o dengue, zika ou chikungunya.
“Havia a previsão de que podia haver uma epidemia mais grave”, salienta o diretor do IHMT, lembrando que a 10 de outubro de 2019, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, fez uma declaração pública, alertando que em qualquer altura podia surgir uma pandemia mundial e que não estávamos preparados para lidar com ela, porque infelizmente metade da população não tem acesso a serviços de saúde regulares.
O diretor do IHMT NOVA fez também um apelo aos países com mais experiência e recursos para que possam apoiar os países africanos no que se refere ao combate à Covid-19.
Filomeno Fortes referiu que o instituto que lidera em Lisboa já está na linha da frente com a dinamização do Centro de Informação Covid 360 do IHMT/NOVA/CPLP. “É um microsite voltado para os Países de Língua Oficial Portuguesa no geral e em particular para os países africanos de Língua Oficial Portuguesa. Criámos quatro grupos com investigadores, da área da clínica, epidemiologia e saúde pública, biossegurança e virologia que selecionam literatura a nível mundial, fazem a crítica dessa literatura e colocam à disposição em português para toda a lusofonia”, explicou Filomeno Fortes.
Visualize a entrevista completa ao Programa Conversas ao Sul com David Dias