O médico e aluno do mestrado de Saúde Tropical do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa, Tiago Martins Branco, é co-autor do artigo “COVID-19 treatment in sub-Saharan Africa: If the best is not available, the available becomes the best” e escreveu para o site do IHMT sobre algumas conclusões da sua experiência nesta região do globo.
A pandemia provocada por SARS-CoV-2 está a colocar todos os sistemas de saúde sob pressão, especialmente em contextos onde os recursos já são bastante limitados, como em países de baixo rendimento.
Os centros de tratamento de infeções respiratórias agudas severas é um dos pilares recomendados pela Organização Mundial de Saúde para uma resposta robusta à pandemia, existindo atualmente um manual oficial de como construir um. Todavia, e tendo em conta a generalização que tem de ser feita, tais recomendações não têm em consideração a aplicabilidade no terreno de várias medidas. Questões aparentemente simples de resolver em países de alto rendimento, são problemas sem resposta em país com baixos recursos (e.g. condições de assepsia, ventilação adequada, isolamento respiratório, acesso a oxigenioterapia, existência de unidades de cuidados intensivos e disponibilidade de profissionais saúde qualificados).
As orientações deverão ser feitas com base nos meios existentes localmente, com execução plausível para todos os contextos e alternativas exequíveis quando a primeira escolha não existe. O lema dos cuidados em contexto de escassos recursos é: “quando o melhor não está disponível, o disponível torna-se o melhor”.