A conversa no programa Bem-vindos, da RTP África, começou pela experiência de Filomeno Fortes no Lubango (capital da província de Huíla, Angola), onde com 25 anos iniciou a sua atividade como médico em tempo de guerra. “Foi um período difícil, mas de muita entrega e com vivências muito fortes.”
Naquela época, o jovem Filomeno Fortes exercia medicina geral, só mais tarde se especializou em Saúde Pública em Angola, fez um mestrado em Saúde Pública e Doenças Tropicais, em Antuérpia (Bélgica), em Mato Grosso, no Brasil, fez a especialização em malária e o doutoramento em Ciências Biomédicas no IHMT (Lisboa, Portugal), onde exerce atualmente as funções de diretor. “Sou um médico emprestado à ciência.”
No que respeita ao instituto centenário que lidera, Filomeno Fortes realçou a “capacidade técnica, científica e pedagógica muito forte” no que se refere às chamadas doenças tropicais, mas também outras doenças que atingem todas as regiões, como a doença da carraça ou a leptospirose”, transmitida ao homem pela urina dos roedores.
Na entrevista, o médico angolano expressou também as suas preocupações sobre a malária, realçando que esta é uma “doença da pobreza”, lembrando as situações em que as redes mosquiteiras (que protegem os seres humanos dos mosquitos que disseminam a malária) são utilizadas para pescar. “É uma questão de sobrevivência”, lembrou.
Para combater a malária existem várias soluções: o saneamento do meio, o uso de medidas preventivas de luta contra as larvas e os mosquitos, a prevenção no que respeita às mulheres grávidas, o uso das redes mosquiteiras e repelentes. “A combinação de todas as medidas – o diagnóstico, prevenção, educação para a saúde, saneamento do meio – ajudam a baixar o índice de transmissão, mas não vão eliminar a doença, para destruir a malária a nível mundial é necessária uma vacina que seja eficaz”, sublinhou o diretor do IHMT no programa Bem-vindos.