O “European Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing” (EUCAST) publicou recentemente um artigo que descreve o novo método de referência universal para a determinação da concentração mínima inibitória (MIC) em isolados do complexo Mycobacterium tuberculosis (MTBC) – uma ferramenta habitualmente utilizada para avaliação da eficácia de antimicobacterianos in vitro e para deteção de isolados que desenvolveram resistência à terapêutica.
Além disso, esta metodologia permite avaliar a distribuição de isolados clínicos de acordo com a sua atividade antibacteriana, um factor essencial para determinar o valor de cut off epidemiológico (ECOFF) – definido como a medida mais elevada de MIC para os isolados sem aquisição de mecanismos de resistência.
São vários os métodos usados para a determinação de MIC para isolados do MTBC, porém a ausência de um consenso entre eles tornou difícil estabelecer uma padronização metodológica e gerou vários breakpoints por agente, factos estes que levaram o subcomité EUCAST para o Teste de Suscetibilidade a Fármacos Antimicobacterianos (AMST) a desenvolver um método de referência standard. O IHMT-NOVA integrou este estudo, multicêntrico, no qual o professor Miguel Viveiros, subdiretor do IHMT-NOVA e membro do subcomité EUCAST AMST e Diana Machado, da Unidade de Microbiologia Médica, foram os investigadores envolvidos.
Num comentário ao estudo, os autores relevam a importância do novo método para o diagnóstico preciso de resistência aos antimicrobianos em casos de tuberculose (TB). De acordo com o publicado, “este método permitirá agora uma abordagem rigorosa no estabelecimento de breakpoints clínicos em MTBC a nível global”, com base na distribuição das MIC, dados de farmacodinâmica e farmacocinética, e ainda em resultados clínicos.
Da mesma forma sublinha-se que, anualmente, a “TB resistente contribui para cerca de 30% das mortes por resistência aos antimicrobianos”, devido maioritariamente à taxa de mortalidade causada por TB multirresistente (44%). Neste sentido, o diagnóstico de precisão terá impacto no estabelecimento de “um regime terapêutico mais eficaz e com menos efeitos adversos”, importando ainda realçar a “redução dos encargos financeiros em saúde”, referindo que o custo de tratamento da TB resistente chega a ser 6,6 vezes superior ao da TB suscetível.
Leia aqui as novas recomendações da EUCAST e saiba mais sobre a estratégia de configuração de breakpoints clínicos em MTBC.