O diretor do Instituto de Higiene e Medicina Tropica, da Universidade Nova de Lisboa (IHMT-NOVA) defendeu, em entrevista à agência de notícias Lusa, a liberalização organizada da produção de vacinas contra a covid-19, antecipando que a pressão do mercado clandestino acabará por impor esta solução no futuro.
Numa altura em que os atrasos e a desigualdade no acesso à vacinação contra o novo coronavírus nos países mais pobres fazem levantar várias vozes a favor da liberalização das patentes dos imunizantes já registados, Filomeno Fortes lembrou que “é preferível anteciparmo-nos, a nível mundial, de forma organizada, e abrimos a possibilidade para a produção livre dessas vacinas com controlo” de instituições como a Unicef, defendeu.
Filomeno Fortes receia que não haja vacinas suficientes para conter epidemia de ébola
O diretor do IHMT-NOVA mostrou também preocupação, em entrevista à Lusa, com a epidemia de ébola, receando que não existam vacinas suficientes para conter a disseminação da doença em larga escala, antevendo um cenário “dramático” se o surto na Guiné-Conacri alastrar aos países vizinhos.
“Há uma grande preocupação porque há a possibilidade de este surto epidémico [na Guiné-Conacri] alastrar novamente para países como a Serra Leoa e a Libéria, tal como aconteceu em 2014”, disse Filomeno Fortes.
Organizações devem juntar-se contra sindemia em África
Em entrevista à agência Lusa, Filomeno Fortes salientou também que “talvez fosse importante que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a presidência de Portugal na União Europeia (UE) e a União Africana (UA) se pudessem juntar, em algum momento, para criarem uma `task force` por causa da situação em África”, afirmou.
“Isto já não é uma pandemia, é uma sindemia. Os casos de malária têm estado a aumentar, os casos de tuberculose estão a ficar descontrolados, a situação do VIH Sida está bastante complicada, os doentes não fazem tratamento e o confinamento tem estado a favorecer até a transmissão do vírus do VIH Sida”, defendeu. Leia mais aqui.