No âmbito do centro de investigação GHTM (Global Health and Tropical Medicine), o IHMT vai criar uma ferramenta inédita para medir a literacia e colher as opiniões dos cidadãos sobre a utilização de mosquitos geneticamente modificados (GMM), em Portugal Continental e na Madeira, como medida de prevenção da transmissão de surtos de Dengue e de Chikungunya.
Estas doenças são transmitidas por duas espécies invasoras de mosquitos, detetadas na ilha da Madeira e em vários países europeus, incluindo Espanha. A libertação, no meio ambiente, de GMM é uma nova abordagem para controlar as populações de mosquitos e prevenir a transmissão destas doenças.
Esta estratégia permite modificar os mosquitos, tornando-os inaptos para transmitir o vírus ou portadores de um gene letal que, ao ser introduzido nas populações naturais, conduz à redução e possível eliminação da espécie.
No entanto, a libertação de GMM apresenta questões éticas: é realizada em áreas residenciais, sabendo-se que a eficácia da intervenção depende das perceções, expectativas e exigências dos moradores.
O uso de GMM envolve conceitos complexos e vocabulário técnico especializado, sendo necessário um nível mínimo de literacia para que a comunidade possa participar ativamente num debate público, prévio à aprovação governamental destas estratégias. Regista-se, contudo, uma acentuada falta de conhecimento objetivo sobre estas questões, sendo que as informações disponíveis provêm, geralmente, de fontes tendenciosas, como ativistas ou cientistas que produzem GMM.
O projeto, coordenado pela professora do IHMT Carla Sousa, e aprovado para financiamento pela FCT, designa-se “Uso de mosquitos geneticamente modificados na prevenção da Dengue e da febre de C hikungunya – factos atuais, literacia e opiniões públicas” terá a duração de 36 meses e prevê disponibilizar informações científicas sobre estas técnicas e impacto na comunidade, bem como auscultar o conhecimento e opiniões dos cidadãos e responsáveis políticos.