A Doutora Fátima Nogueira, investigadora do GHTM | IHMT NOVA, participou num estudo internacional recentemente publicado na revista Science, que revela novas perspetivas sobre o papel da icterícia na malária causada por Plasmodium falciparum. O trabalho, que contou também com a colaboração da estudante de Doutoramento Denise Duarte e de várias instituições científicas de renome, desafia a visão tradicional da icterícia como simples indicador de gravidade da doença, sugerindo que esta poderá representar uma resposta metabólica protetora do organismo.
Os investigadores verificaram que a bilirrubina não conjugada — o pigmento responsável pela coloração amarelada característica da icterícia — estava mais presente em casos assintomáticos de malária, associando-se a uma carga parasitária mais elevada. Em modelos experimentais, observou-se que a redução da produção de bilirrubina aumentava a gravidade da doença, enquanto níveis elevados deste composto apresentavam um efeito protetor.
Estudos mecanísticos demonstraram ainda que a bilirrubina não conjugada é capaz de inibir o crescimento do parasita, interferindo na síntese mitocondrial de pirimidina e comprometendo a formação de hemozoína, um processo vital de desintoxicação para o Plasmodium.
Estas descobertas apontam para a possibilidade de a icterícia ser mais do que um sintoma clínico, funcionando como uma estratégia adaptativa do hospedeiro que contribui para limitar os efeitos da malária. Este novo entendimento abre portas à investigação de abordagens terapêuticas inovadoras e ao aprofundamento das interações entre parasita e hospedeiro.
A publicação deste estudo na revista Science, com a contribuição da Doutora Fátima Nogueira e da doutoranda Denise Duarte, sublinha a relevância internacional do trabalho desenvolvido no GHTM | IHMT NOVA e reforça o seu posicionamento como centro de excelência na investigação em saúde global e doenças tropicais.