A Sociedade Portuguesa de Medicina do Viajante organizou nos dias 10 e 11 de outubro o III Workshop Vacinas em Viajantes e a IV Reunião Científica, que decorreu no Auditório da Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Lisboa, com o objetivo de unir profissionais da área da medicina do viajante que sentem necessidade de debater ideias e trocar informações.
“A medicina do viajante é uma prática médica recente, com caraterísticas diferentes se compararmos com a maioria das outras práticas médicas. É uma medicina preventiva, o que faz com que a pessoa que temos à nossa frente na consulta não seja alguém doente, mas saudável”, sublinha o médico Jorge Atouguia, o mentor desta iniciativa, que decorreu na Escola Superior de Tecnologias de Saúde de Lisboa.
Por este motivo, nem sempre é fácil “convencer” quem viaja a fazer a adequada prevenção para evitar doenças, como a administração de vacinas ou medicamentos. A consulta do viajante exige que o profissional de saúde esteja muito bem capacitado para conseguir atingir os seus objetivos: elucidar o “viajante saudável que é importante que tome um medicamento para uma doença que não tem”, alerta o presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina do Viajante.
“Se fosse tomar um medicamento para o aparecimento de uma borbulha não havia problema, deixávamos que aparecesse, mas no caso da malária é uma doença que mata na primeira vez que aparece se não existir tratamento. É exigível que as pessoas saibam muito bem o que se passa com a sua viagem em termos do risco de malária”, acrescenta.
O médico Jorge Atouguia não hesita em responder sobre qual é a sua grande preocupação sobre a malária a nível mundial: “As pessoas que morrem são sempre a preocupação do médico. A nível mundial as pessoas que mais morrem de malária são as que vivem nas áreas endémicas, sobretudo em África e em especial as crianças”.
Para além da malária, outras problemáticas estiveram também em cima da mesa neste encontro científico. O diretor do IHMT, o médico Filomeno Fortes, foi um dos convidados para esclarecer sobre “Ébola – Vacinas e controlo da epidemia”, tendo discursado perante um auditório repleto e participativo.
Em debate estiveram também as preocupações relativas às emergências a bordo e se os viajantes com problemas de saúde devem viajar ou a resposta a outras questões como “Estou grávida: posso viajar?… e então o Zika?” ou “Porquê que me picam só a mim?”, entre muitos outros temas estruturantes da medicina do viajante.
A professora da Unidade de Parasitologia Médica do IHMT, Carla Sousa, esclareceu a audiência acerca desta última temática, explicando que o odor, as cores ou até genética têm influência quanto à atração de mosquitos, enquanto o professor João Pinto, diretor da mesma unidade, foi o orador de uma sessão intitulada “Não quero ser picado: uso repelente e/ou tecidos impregnados”.
O workshop e reunião científica contou ainda com a participação como moderador do médico e professor do IHMT Jorge Seixas e da médica e professora Cláudia Conceição que esclareceu sobre o tema “Diarreia do Viajante: as dúvidas que persistem na consulta”.
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