O novo Centro Internacional de Referência da UNESCO para a investigação e formação avançada, com sede no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, da Universidade Nova de Lisboa (IHMT NOVA), tem como objetivo formar 80 novos doutores, por ano, com origem em países africanos de língua portuguesa.
No âmbito da cooperação crescente que o IHMT NOVA pretende fomentar com os países africanos de expressão portuguesa, foram assinados, esta segunda-feira, dia 9 de dezembro, diversos acordos com o objetivo de contribuir para a ciência e formação pós-graduada nesta região do globo, bem como estreitar as relações entre instituições universitárias de Portugal e Angola.
Na cerimónia, que decorreu no anfiteatro da Aula Magna do instituto centenário, foi assinado o protocolo entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e o IHMT NOVA no âmbito da “Iniciativa Conhecimento para o Desenvolvimento – IkfD” para a criação de um centro de ciência internacional, com o selo de qualidade da UNESCO.
O objetivo é criar o Centro de “Ciência LP – Centro Internacional para a Formação Avançada em Ciências Fundamentais de Cientistas oriundos de Países de Língua Portuguesa” para desenvolver capacidades científicas de alto nível nos países lusófonos, transferir conhecimentos de nível regional e internacional, contribuir para a investigação e ensino, abrangendo áreas como a saúde, ciências biomédicas, mas também engenharia, ambiente, biodiversidade, entre outras.
“O programa, que terá sede no IHMT e funcionará em rede, tem como objetivo formar 80 novos doutores por ano. No prazo de uma década estamos a pensar formar 800 novos doutores oriundos de países africanos de língua portuguesa, numa iniciativa financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT)”, afirmou na cerimónia o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.
A ministra angolana que tutela a pasta do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, Maria do Rosário Sambo, também presente na iniciativa, recordou que desde novembro deste ano existe um plano de ação assinado entre o Governo de Angola e de Portugal, que “constitui um vasto leque de oportunidades para melhorar a formação do ensino superior no nosso país”.
Apesar de ter mencionado o investimento e os progressos em Angola, a responsável sublinhou a necessidade de investir na capacitação institucional dos países africanos, na formação de equipas de investigação multidisciplinares e em redes de cooperação científica. O ministro português assumiu o compromisso, no âmbito da política da ciência e tecnologia de Portugal, de apoiar estes eixos e considerou fundamental implementar o binómio: formação/capacitação institucional.
O reitor da NOVA, João Sàágua, relembrou as palavras que já tinha mencionado na abertura do ano letivo no IHMT de que Portugal constitui uma plataforma privilegiada entre a Europa, a América do Sul e África, com a experiência de cinco séculos de história. “Se existe uma unidade orgânica que quando integrou a Universidade NOVA já era verdadeiramente internacional essa unidade é o IHMT e sei que está na ambição desta instituição e do seu atual diretor Filomeno Fortes continuar a sê-lo cada vez mais e desenvolver e aprofundar essa internacionalização”.
João Sàágua saudou igualmente o novo centro de ciência, considerando que constitui um dos “fatores fundamentais do progresso à escala global”. “O centro vai apoiar a formação e capacitação científica de académicos, cientistas e estudantes de doutoramento dos países africanos, sobretudo oriundos dos países africanos de língua portuguesa”, reforçou.
A cerimónia ficou igualmente marcada pela assinatura de memorandos de entendimento entre a Universidade NOVA e as universidades de Katyavala Bwila (Benguela) e José Eduardo dos Santos (Huambo), representadas pelos reitores Albano Ferreira e Cristóvão Simões, respetivamente.
O reitor da NOVA realçou a importância de estabelecer “parcerias sólidas e duradouras com entidades de reconhecida idoneidade e capacidade técnica” com vista a atingir objetivos como desenvolvimento de atividades nos domínios do ensino e da formação, estágios, apresentação a concursos nacionais e internacionais de investigação, projetos comuns e em especial “servir a sociedade global e os países africanos de língua portuguesa com o melhor e mais relevante conhecimento disponível nas nossas instituições”.