A doença de Lyme é uma zoonose causada pela bactéria Borrelia burgdorferi sensu lato, transmitida ao ser humano através da picada de carraças infetadas, sobretudo do género Ixodes.
Nos últimos anos, tem-se observado um aumento da incidência em várias regiões da Europa, incluindo Portugal, fenómeno associado à expansão geográfica e temporal do habitat das carraças em consequência das alterações climáticas, bem como ao aumento das atividades humanas em ambientes naturais.
A vigilância epidemiológica contínua, a divulgação de informação à população e implementação de medidas preventivas adequadas são fundamentais para reduzir o risco de transmissão e garantir o diagnóstico e tratamento precoces da doença.
O que é a doença de Lyme?
A doença de Lyme é uma infeção bacteriana causada por bactérias do complexo Borrelia burgdorferi sensu lato . É considerada uma zoonose, uma vez que diversos animais selvagens, como roedores e cervídeos, atuam como reservatórios naturais da bactéria que pode ser transmitida ao ser humano através da picada de carraças infetadas.
Como se transmite?
A transmissão ocorre exclusivamente pela picada de carraças infetadas, geralmente após um período prolongado de fixação na pele (superior a 24 horas). A doença não se transmite de pessoa para pessoa, nem por contacto com animais domésticos, embora estes possam transportar carraças e facilitar a exposição humana.
Quais são os principais sintomas?
A doença de Lyme pode apresentar diferentes manifestações clínicas, que tendem a evoluir em três fases:
· Fase precoce localizada:
o Eritema migratório (lesão cutânea em forma de alvo, característica da doença)
o Sintomas inespecíficos como febre, fadiga, dores musculares e articulares
· Fase precoce disseminada:
o Lesões cutâneas múltiplas
o Manifestações neurológicas (ex.: meningite, paralisia facial)
o Compromisso cardíaco (ex.: miocardite, bloqueios cardíacos)
· Fase tardia:
o Artrite crónica
o Neuropatias
o Distúrbios cognitivos
Nem todos os casos seguem esta progressão, e as manifestações clínicas pode variar significativamente.
Como se faz o diagnóstico?
O diagnóstico baseia-se na avaliação clínica, no historial de exposição a zonas de risco e na identificação de sinais característicos, como o eritema migratório. A confirmação laboratorial pode incluir:
· Testes serológicos (ELISA, confirmados porWestern blot)
· Deteção de DNA bacteriano por PCR, em casos específicos
O diagnóstico precoce é essencial para prevenir complicações.
Como se trata esta doença?
A doença de Lyme é tratável com antibióticos que devem ser prescritos pelo médico. O tratamento iniciado nas fases precoces é geralmente eficaz, mas alguns doentes podem apresentar sintomas persistentes após a terapêutica.
Como se pode prevenir?
A prevenção passa por evitar a exposição a carraças e inclui:
· Utilização de repelentes e vestuário protetor em zonas de floresta ou mato
· Inspeção cuidadosa do corpo e da roupa após atividades ao ar livre
· Remoção rápida e correta de carraças fixadas à pele
· Manutenção de jardins e espaços verdes limpos e com vegetação controlada.
Vigilância e contexto epidemiológico
A doença de Lyme é endémica em várias regiões da Europa e América do Norte. Em Portugal, os casos têm vindo a aumentar, especialmente em zonas rurais e florestais.
O IHMT NOVA acompanha esta evolução, promovendo investigação, formação e divulgação científica para apoiar a resposta em saúde pública.

