“Biossegurança na era COVID-19” foi o tema do 1º webinar no contexto do Projeto “IANDA Guiné Saúde”, no qual foram discutidas as medidas relativas à proteção individual, laboratorial e ainda de segurança nos espaços físicos como combate à propagação do vírus SARS-CoV-2, o agente etiológico da COVID-19. Neste encontro virtual, Dinora Lopes, coordenadora da Comissão de Saúde Ocupacional, Biossegurança e Qualidade (CoSOBQ) do IHMT, abordou os aspetos relativos aos circuitos e acessos, lotação de espaços assim como planos de higienização e sinalética ao nível das instalações.
Também diretora do Serviço de Interesses Comuns do IHMT, Dinora Lopes começou por sublinhar que “com todas as medidas que se conhecem, desde a utilização de equipamento de proteção aos planos de resposta, em articulação com a preparação dos espaços físicos, é possível promover um ambiente mais seguro”.
No que respeita os acessos, a especialista referiu que “devem ser definidos os utilizadores a quem é permitido o acesso a determinadas instalações”, preferencialmente e sempre que possível mediante agendamento, “de forma a reduzir e a controlar o fluxo de pessoas na instituição”.
Da mesma forma devem ser definidos “percursos e procedimentos claros”, pois além dos utilizadores habituais há a considerar pessoas como “parceiros, técnicos, manutenção, estafetas, fornecedores, entre outros, que precisam de continuar a deslocar-se à instituição”, e para que o processo seja o mais seguro possível torna-se importante saber “exatamente onde se devem dirigir e em que horário, por onde entrar e sair da instituição” e, uma vez no interior, ”saber quais são os circuitos que devem adotar, para minimizar cruzamentos desnecessários de pessoas dentro da instituição”, elucidou Dinora Lopes.
No caso de instituições de saúde, deve haver “a criação de circuitos diferentes COVID-19 e não COVID-19”, uma separação que deve “começar logo na triagem e, preferencialmente, numa zona criada no exterior da instituição”, com recursos humanos e de equipamentos afetos a essa área de modo a “minimizar a passagem de um circuito para o outro, reduzindo assim ao máximo a possibilidade de contaminação”.
Igualmente importante é a definição da lotação de espaços, tendo em conta fatores como “a área, o tempo de permanência, a organização desse espaço e a possibilidade de arejamento”. Como explicou a especialista “deve-se reduzir a lotação dos espaços de forma a assegurar o distanciamento físico recomendado”, e no caso das salas de espera é importante também “identificar quais são os lugares que podem ser ocupados, de forma a garantir esse distanciamento”. O tempo de permanência é relevante quando se tratam de “salas de espera ou gabinetes em que as pessoas permanecem durante várias horas”, e nestes espaços “a lotação permitida deve ser avaliada e, se possível, definir regimes de rotatividade entre o teletrabalho e o trabalho presencial”. Aconselha-se também a “reorganização do espaço e do mobiliário de forma a que as pessoas estejam o mais afastadas possível, evitando as posições frente-a-frente”, e quanto aos espaços comuns, “sempre que estes não sejam essenciais e não se possa garantir as condições de distanciamento, higienização ou de ventilação, então devem ser encerrados, de modo a evitar o ajuntamento até estarem reunidas as condições essenciais”, frisou Dinora Lopes. Adicionalmente, a recomendação de utilização de elevadores “deve ser restringida exclusivamente as pessoas que, por alguma deficiência ou incapacidade física, não possam utilizar as escadas”.
O arejamento dos espaços constitui outra medida essencial. Na opinião da especialista “deve promover-se o arejamento natural através da abertura de janelas e de portas”, contudo, caso não seja possível, “pode ser utilizado um equipamento de ar condicionado” apropriado, chamando a atenção que “dependendo do tipo de equipamento disponível pode haver renovação do ar para o interior da sala, facilitando a dispersão do vírus”.
É preciso que as instituições definam também “planos adicionais de higienização associados especificamente à COVID-19”, que contemplem “todas as medidas das autoridades quer em termos de tipos de higienização, como do tipo de materiais utilizados e regularidade com que devem ser feitas essas atividades”, com especial atenção para os “equipamentos de utilização comum”, tais como corrimãos, botões de elevador, puxadores ou maçanetas das portas, “que devem ser higienizados com maior frequência”.
Outro fator importante reside na “escolha das soluções de limpeza e dos procedimentos de limpeza adequados”. O álcool 70% e a lixívia 5% são aqueles com que “estamos mais familiarizados” e a escolha entre as soluções deve ser feita “em função do equipamento ou da superfície que pretendemos higienizar”. Para os materiais que não podem ser desinfetados, como os documentos, aconselha-se que “após o contacto com documentos procedam de imediato à desinfeção das mãos”.
No âmbito desta resposta à COVID-19, “as instituições devem disponibilizar soluções de desinfeção das mãos, colocados em locais acessíveis e bem identificados, assim como disponibilizar soluções de desinfeção de superfícies em algumas zonas comuns de forma a que as pessoas, independentemente do plano implementado pela instituição, possam proceder elas próprias à desinfeção, quando utilizam determinadas áreas”.
Por fim, a especialista sublinhou a importância da utilização da sinalética COVID-19, na medida em que “as pessoas não têm conhecimento sobre as medidas adotadas em cada instituição, e por isso se houver uma sinalética visível e que capte a atenção das pessoas facilita o cumprimento das regras aí estabelecidas”. Reforça-se também a importância da sinalização nas salas de espera, de forma as pessoas “tenham indicação exata de onde se podem sentar e quais são os espaços que podem utilizar”, é igualmente relevante “a sinalética no chão que demarque zonas em que as pessoas possam ou não estar, incluindo determinar as zonas onde os doentes podem estar nas salas de consulta, salvaguardando assim o afastamento entre ele e o profissional de saúde”.
A terminar a intervenção, Dinora Lopes reiterou que “não sendo possível garantir o distanciamento, a ventilação e as condições de higienização, os espaços não devem ser utilizados”, sublinhando que “deve-se pensar muito bem em soluções alternativas como reorganização de espaços de forma a garantir alguma segurança na sua utilização”. E concluiu dizendo que “estas são medidas gerais que devem ser adaptadas ao objetivo da instituição e às condições existentes nessas instalações”.
Assista à discussão e saiba mais sobre este tema no vídeo do webinar
Consulte a apresentação de Dinora Lopes
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