Sensibilizar os profissionais de saúde e contribuir para o conhecimento em “Biossegurança na era COVID-19” foi o objetivo do 1.º webinar desenvolvido no âmbito do projeto “IANDA Guiné Saúde”. Neste evento estiveram presentes em formato virtual Magda Robalo, alta comissária para o combate à Covid-19 da República da Guiné Bissau, Filomena Pereira, subdiretora do IHMT-NOVA, bem como os professores do IHMT-NOVA Cláudia Conceição, Ricardo Parreira e Dinora Lopes, num debate moderado por Alexandre Lourenço, presidente da APAH.
Na abertura do encontro, Cláudia Conceição, professora e médica especialista em Medicina Interna, realçou os vários aspetos da proteção individual que, embora digam respeito aos cidadãos em geral, devem ser comunicados da melhor forma pelos profissionais de saúde, que devem “transmitir corretamente os conhecimentos que decorrem daquilo que sabemos sobre a forma de transmissão da doença”. Na opinião da especialista “estas são medidas que deveríamos manter numa era pós COVID-19”, uma vez que “preveniríamos muitas doenças se mantivéssemos algumas destas práticas”.
“A etiqueta respiratória é muito importante e deveria ser reiterada nas escolas, sempre, de modo a ensinar gestos tão simples e que podem ter repercussões tão importantes na saúde”
A ideia é também defendida por Cláudia Conceição. Perante o conhecimento que existe sobre a forma de transmissão da COVID-19 – “através de partículas respiratórias que são expelidas para longe quando tossimos e espirramos” – surge a necessidade de evitar a dispersão dessas partículas, pelo que “devemos usar um lenço de papel descartável” ou “a parte anterior do braço com o cotovelo fletido, sempre que tossimos ou espirramos”, e “ter o cuidado de lavar as mãos depois de terem estado em contacto com as nossas secreções respiratórias”, explicou.
Na mesma linha de pensamento surge o conceito de distanciamento social, que se refere “à distância física que devemos manter de uma pessoa que tem uma doença ou infeção respiratória”. Por outro lado, sublinhou a transmissão indireta que pode ocorrer “quando as mãos tocam em partículas que passam para as mãos de outra pessoa e posteriormente, ao tocar no próprio rosto, nos olhos, nariz e boca, pode haver transmissão indireta de infeções respiratórias no geral”, elucidou. A COVID-19 em particular, “exige que os doentes sejam colocados em isolamento e distantes do seu núcleo familiar de forma a quebrar cadeias de transmissão”, existindo ainda o conceito de isolamento profilático, também conhecido como quarentena, que se refere “ao isolamento de pessoas que tiveram contactos considerados de risco”, com vista “à vigilância de sinais que possam indicar desenvolvimento da doença”.
Higienização das mãos: “água e sabão é eficaz”
A lavagem das mãos constitui outra medida crucial e tão simples como eficaz, basta “água e sabão”. No entanto, nem sempre é possível ou existe disponibilidade para a lavagem das mãos, havendo como complemento a esta medida a “higienização através de soluções antisséticas, que nos hospitais e nas unidades de saúde são mais vulgarmente utilizados e que agora devemos utilizar com muita frequência”. Não obstante, e tendo em mente que existem locais com parcos recursos a sabão e soluções antisséticas, “quando não temos aquilo que é ideal, aquilo que temos devemos que potenciar para ser o melhor possível”, e por isso “usar água é melhor mesmo que não haja sabão, e é uma prática a manter”, frisou.
“Cada vez mais temos evidência de que o uso de máscara tem a grande vantagem de impedir que a infeção do próprio se transmita aos outros”
Cláudia Conceição frisou que esta é uma questão de “proteção do próprio e dos outros” e, pensando no futuro defende que “cada um de nós deveria tomar a iniciativa de usar máscara sempre que tiver uma doença respiratória”, como estratégia de “proteger os outros”.
Por agora, sublinha, que “as máscaras sociais são medidas complementares que contribuem para a proteção das outras pessoas e devem ser usadas sempre que não seja possível manter a distância social de segurança”. Sobre as máscaras cirúrgicas, “mais eficazes” e com “indicação mais restrita para utilização na comunidade”, frisa-se que “na sua falta devem ser sempre reservadas para a utilização em meio de cuidados de saúde”, onde a possibilidade de infeção é maior.
“Se se sentirem doentes, fiquem em casa”
O apelo é da especialista em Saúde Pública reforçando a necessidade de usar máscara em casa “para evitar que as pessoas com quem vivem fiquem infetadas”. Adicionalmente, deve-se “aumentar a frequência da limpeza dos espaços comuns da casa e seguir as indicações das autoridades de saúde, estando também atentos e bastante atualizados em relação àquilo que são as indicações para a região naquele momento”.
“Devemos reter para uma época pós-COVID-19 a etiqueta respiratória e a higiene das mãos”, questões estas que em cuidados de saúde “nunca acabam: é um hábito muito difícil de implementar, de lembrar e de manter”, concluiu Cláudia Conceição.
Assista à discussão e saiba mais sobre o tema no vídeo do webinar.
Consulte a apresentação da professora Cláudia Conceicão
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