Foram as palavras da Bastonária da Ordem dos Médicos de Angola, Elisa Gaspar, durante o encontro virtual dedicado ao “Aparecimento e desenvolvimento da pandemia na África Lusófona”, que decorreu no dia 29 de maio, onde a especialista fez o ponto de situação sobre a atualidade epidemiológica da COVID-19 e as medidas tomadas pelo país no combate à pandemia.
À semelhança dos restantes países da África Lusófona, os primeiros casos de COVID-19 em Angola, notificados a 21 de março, foram importados por indivíduos que se encontravam na Europa, tendo sido tomadas desde logo as devidas medidas de contenção para evitar a propagação da doença, sublinhou a bastonária. Até esta data, Angola conta com 77 infectados, 18 recuperados, 45 cadeias de transmissão local e 32 casos importados, dos quais 30 são oriundos da Europa.
“Luanda é a única província de Angola que está isolada”
Os casos de COVID-19 em Angola estão circunscritos à província de Luanda, pelo que “é a única província que está isolada das restantes 17 províncias de Angola”, sendo que nos bairros de Luanda que registam casos positivos de COVID-19 “foi implementado cerco sanitário”, em adição às restantes medidas de higienização das mãos e utilização obrigatória de máscaras.
A bastonária adiantou também que “quase todos os hospitais em Luanda estão preparados para receber pessoas com COVID-19 e continuam a fazer-se hospitais de campanha para o caso de haver um agravamento da situação”, sublinhando ainda existência de uma forte equipa de vigilância epidemiológica responsável pela avaliação e monitorização dos casos.
“Observando a experiência de outros países, Angola preparou-se precocemente para pandemia por COVID-19”
De acordo com a especialista em Saúde Pública, Angola aproveitou a experiência de outros países e começou a preparar-se para a pandemia através “da divulgação da doença nos meios de comunicação social e outras instituições”, sendo disseminados documentos informativos para a população”. Ao mesmo tempo, procedeu ao encerramento das fronteiras, bem como da implementação da quarentena institucional e domiciliar. Foi também criado um “grupo multissectorial – representado por todos os ministérios, assim como a Ordem dos Médicos e os Colégios de especialidade – que se reúne diariamente para fazer e divulgar o ponto de situação epidemiológico de Angola”.
Elisa Gaspar destacou ainda a preparação dos quadros investindo na “formação dos profissionais de saúde”, em especial na área dos cuidados intensivos, com base “na informação sobre a nova doença da COVID-19 e respectivas medidas de segurança e de prevenção”.
“Angola está a cumprir com todas as orientações sanitárias nacionais e internacionais”
Elisa Gaspar referiu que o governo conta com a parceria de clínicas privadas e de instituições que muito têm contribuido para a gestão da pandemia. Após um Estado de Emergência de 15 dias renovado por três vezes, foi declarado o Estado de Calamidade em Saúde Pública, “cumprindo-se o trabalho em 50%, o distanciamento social e obrigatoriedade de utilização de máscara”.
Na perspectiva da especialista “é obrigatório continuar a preservar as medidas de prevenção contra a COVID-19”, pelo que destaca o investimento feito em material de proteção para a população, e a realização massiva de rastreio dos contactos que tem permitido identificar mais casos positivos.
Reiterando a importância da partilha de experiências entre os países lusófonos no que refere à pandemia, Elisa Gaspar concluiu que “nós, profissionais de saúde, queremos estar atualizados para nos podermos prevenir e apoiar a nossa população contra a COVID-19”.
Assista à discussão destes tópicos e saiba mais sobre o ponto de situação epidemiológica e as medidas implementadas por Angola, no vídeo do webinar.
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